domingo, 30 de novembro de 2014

Índia 21 a 28 de novembro de 2014




     
Como é a Índia?

Com certeza não é uma resposta fácil, principalmente para quem passou apenas 5 dias em Nova Delhi, mas diversidade, contraste, riqueza e pobreza podem estar nessa resposta.


                                                    

O povo é gentil e acolhedor. Sentem orgulho do que fazem.

Apesar da proibição por lei de discriminação de pessoas por sua casta, na Índia moderna, as pessoas continuam não se misturando e sabem que se nasceram em uma determinada casta, viverão nela por toda a vida.

Muitos não tem registro civil, são pouco instruídos, fazem xixi na rua todo o tempo, limpam o nariz, não respeitam fila, comem com a mão, se servem com a mão, entre outras ações um pouco diferentes das nossas regras sociais.

Abordam o turista, facilmente reconhecido em um país onde todas as pessoas são pardas, com cabelos lisos e pretos e se vestem de maneira característica.

O indiano homem veste calça escura com camisa escura de manga comprida e muito frequentemente usa um colete.

Alguns indianos mais pobres usam um pano amarrado, como uma saia.

Os homens gostam de usar vários anéis de prata com umas pedras achatadas. Vi com frequência os homens com dois anéis em cada mão.

Alguns, de religião muçulmana, usam turbantes na cabeça, que acompanham barba longa e calça e camisa mais social. O turbante pode ter várias cores.

As mulheres mais velhas usam as roupas típicas até o pé, sem calça por baixo, pelo menos não aparecendo, com a barriga e parte das costas à mostra.



As jovens usam calça de malha ou de tecido bem apertada na perna e uma bata longa abaixo do joelho, aberta nas duas laterais até o quadril.

As crianças e algumas meninas mais jovens usam roupas mais ocidentais, mas em geral de malha. Tênis, camiseta e calça jeans não são certamente moda por lá.

A comunicação é, com certeza, um dos principais problemas. São muitas línguas que se mantém vivas porque são faladas por muitas pessoas no país. A mesma região pode ter mais de uma língua e aquela ideia de que todo indiano fala inglês não tem o menor fundamento.
Os ajudantes do restaurante, o motorista de taxi, o motorista do Tuk-tuk ou rickshaw praticamente não falam inglês. Em geral tem alguém que fala inglês ou hindi, ou alguma outra língua, que passa a informação do destino para o motorista.

Mesmo os garçons que falam inglês, não possuem vocabulário suficiente para explicar um prato, e em geral as descrições dos cardápios são muito limitadas. A chegada da comida é sempre uma surpresa, os pratos são bem servidos e, em geral, podem ser divididos.

A conta também é uma surpresa, porque depois de fechada tem mais de 18% de impostos.

                           

Não importa o tipo de comida que você escolha, indiana, internacional, italiana, todas têm pimenta.






Para quem não gosta de curry e pimenta, como eu, se alimentar na Índia é uma tarefa difícil!



Embaixo desse molho todo estava um peixe. o prato se chamava peixe a portuguesa! Dá para imaginar a quantidade de pimenta que havia no molho!

As sobremesas são bem gostosas, em especial a Gulab Jamun, que é um tipo de bolinho de chuva que fica mergulhado em uma calda de açúcar e é bem molinho. Ele é comido com sorvete. Adorei essa sobremesa e sempre pedia nos restaurantes.




Algumas estratégias para tirar dinheiro do turista são conhecidas. Fingir que não sabe o caminho, não ligar o taxímetro, dizer que não tem troco na hora em que recebe o dinheiro. Nessa hora nem devolve o dinheiro e nem dá o troco.

Um mesmo destino pode variar de 200 a 350 rúpias. O fato é que taxi na Índia é barato e fazer turismo de meio dia ou de um dia todo de taxi, é uma prática bem frequente adotada pelos turistas.

A preocupação com a segurança é enorme. Em cada hotel, restaurante ou loja há um guarda na porta.

Nos hotéis, centros de convenções e locais mais movimentados, além do guarda há barreiras com cavaletes de ferro onde está escrito Delhi Police, todos os carros são revistados na mala e no motor, e são vistoriados com detectores de metal.



Para as pessoas, esteira de RX, detectores de metal, como os do aeroporto, e revista com detectores de metal portátil, depois de tudo isso.

Para as mulheres são realizadas revistas em cabines fechadas, e essas são feitas por outras mulheres.

Os indianos dizem que o governo tem preocupação com a segurança, porque a cidade têm muitos turistas e não quer que nada aconteça com eles.

Os brasileiros residentes em New Delhi afirmam que o medo é de ataques de bombas pela população de não indianos que moram sem registro na Índia.

O fato é que há muitos guardas armados na cidade.



As ruas são um capítulo à parte. Até a última eleição a limpeza urbana não existia. Apesar de ter começado há algum tempo, a maior parte da cidade é extremamente suja. Não há o conceito de lata de lixo, e as poucas que estão disponíveis tem muito mais lixo fora do que dentro dela.
A vassoura utilizada para varrer a rua é artesanal, e o lixo é recolhido com a mão. As ruas não são lavadas e fedem xixi.

Muitos animais habitam as ruas da Índia. Cachorros, aos montes. Na porta das lojas podem dormir 3 ou 4 cachorros, mas eles são muitos mesmos, e estão por toda cidade. Outros amiguinhos são macacos enormes, de tamanho de cachorros e cavalos. Vi vacas puxando carroças também.



Macacos enormes



Mesmo em uma conferência internacional, as pessoas jogavam as garrafas vazias no chão, abandonavam seus pratos em qualquer lugar, não respeitavam a fila, comiam diretamente da bandeja as saladas, peixe ou frango com as mãos. A sorte é que eles não gostam de macarrão!






New Delhi é uma cidade de contrastes impressionantes. Algumas avenidas largas, bem arborizadas e com vários parques. Rotatórias urbanizadas e calçadas largas. Casas que ocupam um quarteirão. Essa é a região das embaixadas, onde estão os hotéis mais chiques, e onde moram as pessoas mais ricas da cidade. Em função do problema de segurança, todas as casas têm muros e portões muito altos, além de cercas mais altas ainda, com algumas delas eletrificadas. Câmeras de segurança ou guardas, completam o cenário. É impressionante como essa parte da cidade é arborizada.









A cidade não tem nenhuma acessibilidade. Para que os motoristas de motos, tuk-tuk e outros transportes menores não subam nas calçadas, elas são muito altas, não possuem rampas, e em cada esquina possuem pitocos de aproximadamente 60 centímetros para tentar impedir o acesso desses outros meios de transporte.



Falando em transporte, deslocar milhões de pessoas não é uma tarefa fácil. Em New Delhi há metro, muitos ônibus, taxis regulares e não oficiais, mas a maioria é de carros fedorentos e muito velhos, as motos com cobertura que são os tuk-tuk, as motos, as bicicletas, as carroças e os rickshaws, que são bicicletas que acomodam na parte de trás uma cadeirinha para duas pessoas.



Um tuk-tuk pode servir de cama a noite para o seu dono.



Para um transporte de tuk-tuk você vai pagar 50 rúpias em um trajeto que custaria 300 rúpias de taxi.




O trânsito é caótico em qualquer hora do dia e em um trajeto de 15 minutos, o motorista pode buzinar mais de 30 vezes. Apesar do caos, não vi nenhum acidente nos dias em que estive em New Delhi. Não dá para correr em função do tráfego.

                         






Nova Delhi é muito barulhenta e poluída. No outono, na época do ano em que eu estava lá, a poluição deixava a cidade com a aparência de um nevoeiro bem baixo. A poluição é tão grande que não é possível ver um monumento que fica ao final de uma esplanada.






Tirando essa pequena bolha, a cidade é muito suja, lotada de animais, favelas, barracas de acampamento e muita gente na rua. Na parte chique da cidade, vi bebês recém-nascidos no chão da rua! As mercadorias são vendidas no chão sobre um papelão ou tecido, incluindo alimentos, como frutas.
Muitos camelôs vendendo bijuterias, frutas, roupas, e até livros, e muitas barracas de comida.











Não há muitas mulheres nas ruas. Vi com mais frequência as mulheres nas ruas com as crianças desabrigadas. Tirei várias fotos de grupos atravessando as ruas e só tinham homens. A mulher tipicamente fica em casa cuidando dos filhos.



A minha rota foi Rio Dubai New Delhi e no avião do Rio para Dubai tinha 90%, pelo menos, de homens. As poucas mulheres estavam com seus maridos. Acho que era a única sozinha. Quando cheguei em Dubai de madrugada, também era a única mulher sozinha. Por onde eu anda no aeroporto sentia os olhos me seguindo.

No voo para Nova Delhi, mais uma vez não havia nenhuma mulher sozinha, só homens ou famílias com crianças.

Uma das vezes que jantei sozinha no restaurante do hotel, o garçom me perguntou mais de uma vez se eu estava sozinha, e como eu estava me colocou em uma mesa bem no cantinho. Tinham dois restaurantes no mesmo andar, e como havia o cardápio dos dois na porta, acabei entrando no errado. Quando pedi o outro cardápio o garçom me explicou a situação, mas disse que eu poderia pedir o que eu quisesse do outro cardápio que ele pegaria para mim. Ele disse, eu posso pegar, você está sozinha e já chegou até aqui.
Na Índia o governo está muito preocupado em subsidiar os alimentos para que a população consiga comer. Qualquer agenda sobre os direitos humanos são mais difíceis de entrar em pauta.

O problema dos crimes sexuais contra as mulheres é grande, e muitos locais e horários devem ser evitados.

É normal um indiano passar a mão em uma mulher na cidade velha, em especial se ela for estrangeira.

Passeei de taxi pela cidade velha, mas o passeio de rickshaw também é mais seguro do que a pé.

Não vi shopping centers em New Delhi. Os centros comerciais reúnem algumas lojas, mas não tem a aparência dos nossos shoppings. Como já disse, no entorno muitas pessoas nas ruas, ou em barracas, e muita sujeira por todo lado.



Aprendi outras coisas sobre a Índia. Como a maior parte das pessoas não tem nenhum registro civil, as eleições são feitas por regiões e podem demorar até 4 meses para serem finalizadas. Para que as pessoas não votem mais de uma vez, o eleitor que já votou tem seus dedos pintados com uma tinta difícil de tirar. Assim é feito o controle dos que já votaram ou ainda podem votar.

Os remédio são extremamente baratos. Um colírio super especial custa, no máximo, 1 dolar. Os remédios têm suas patentes quebradas e são subsidiados pelo governo. O sistema de saúde é como um SUS do Brasil. Todas as pessoas têm direito, mas imagino que a tarefa de atender a toda a população não seja simples.

O número de celulares na Índia é impressionante. Todos os motoristas de tuk-tuk que eu vi tinham um, mas o gerente do hotel me disse que eles são usados só com mensagens e não como telefone, porque são mais baratas.

Os brasileiros que estão a serviço na Índia e têm filhos, colocam as crianças nas escolas internacionais e moram na área das embaixadas. Não há muitos brasileiros morando na Índia.

O aeroporto também suas particularidades. Ele é grande, moderno, mas só pode ser frequentado por quem vai efetivamente pegar um voo. Ninguém pode acompanhar uma pessoa que vai viajar. Uma pessoa só entra no aeroporto se ela tiver com sua passagem e o passaporte. Há guardas em todas as entradas fiscalizando. Do lado de fora, um mar de pessoas deixando ou esperando os familiares, ou oferendo transporte.



A dica é fazer o pagamento do taxi ainda dentro do aeroporto, ele é longe e evitará ter aborrecimentos na chegada.

A viagem para a Índia é inesquecível por vários aspectos. O primeiro é a distância. As rotas mais comuns são por Londres ou Paris, com 20 horas de voo mais as escalas, e a mais rápida e mais confortável, até porque o avião é bem mais confortável, é por Dubai, voando Emirates.

O fuso horário é de 7 horas e meia quando estamos em horário de verão.







Aeroporto de Dubai
Senti não ter podido visitar o Taj Mahal!





As distâncias de Delhi para Agra são grandes e há dois caminhos. O primeiro de 205 quilômetros pela estrada NH 2, que passa por vários vilarejos e cidadelas (leva pelo menos 5 horas sem nenhuma parada) e o segundo de 210 quilômetros pela Yamuna Expressway, estrada de alta velocidade que corta a região rural de Uttar Pradesh (leva em torno de 2 horas e meia sem nenhuma parada). Os turistas que estão sem carro podem fazer esse passeio de taxi, mas eu tinha pouco tempo e muito medo de fazer o percurso sozinha. Foi uma pena!

Apesar de todas essas questões, uma viagem à Índia traz muitos aprendizados e mostra como conseguimos evoluir no Brasil. Apesar de termos ainda muita pobreza, as favelas, e a violência, já avançamos em muitos aspectos em comparação com a Índia.

A viagem foi uma experiência inesquecível, mas admito que me senti aliviada de sair da Índia.